sexta-feira, 9 de maio de 2008

Falando em Bukowski...

Bukowski, um cara de sorte
"As luzes se apagaram. Ninguém conseguia dormir, mas todo mundo fingiu. Eu não me dei ao trabalho. Tinha um assento de janela e fiquei olhando as casas e as luzes lá embaixo. Tudo arrumadinho em belas linhas retas. Ninhos de formigas. Descemos no Internacional de Los Angeles. Ann, eu te amo. Espero que meu carro pegue, espero que a pia não esteja entupida. Estou feliz por não ter comido uma fanzoca. Estou feliz por não ser muito bom em me meter na cama com estranhas. Estou feliz por ser um idiota. Estou feliz por não saber nada. Estou feliz por não ter sido assassinado. Quando olho para minhas mãos e elas ainda estão nos meus pulsos, penso comigo mesmo: sou um cara de sorte.

A sabedoria do escravo

"Não sei como é pras outras pessoas. Eu tinha de sustentar uma criança, precisava de algo pra beber, precisava pagar o aluguel, comprar sapatos, camisas, meias, essa coisarada toda. Como todo mundo, precisava dum velho carro, de comida, todas as pequenas regalias. Como mulheres. Ou como um dia nas pistas de corrida. Com todas as coisas em marcha e sem jeito de fugir, você nem pensa sobre isso. Bem, como os rapazes diziam, você tinha de trabalhar em algum lugar. Assim aceitavam o que houvesse. Essa era a sabedoria do escravo

The other side of América...

"Para todos os lados, quartos baratos, entupidos de baratas, mas ninguém parecia passar fome: pareciam viver cozinhando coisas em panelões e sentados por toda a parte, fumando, limpando as unhas, bebendo latas de cerveja ou dividindo uma comprida garrafa azul de vinho barato, gritando ou rindo uns com os outros, ou peidando, arrotando ou dormindo diante da TV. Não havia muitagente com dinheiro no mundo, mas quanto menos dinheiro tinham melhor pareciam viver. Só precisavam de sono, lençóis limpos, comida, bebida e pomada para hemorróidas."

Sobre quatro paredes

"As paredes ainda estavam ali, era só dar quatro paredes a alguém que ele tinha uma chance. Nas ruas, nada se podia fazer."

Bukowski, o herói

"É sou o herói, o mito. Sou o não mimado, o que não se vendeu. Minhas cartas são vendidas por 250 dólares lá no leste. E eu não consigo comprar um saco de peidos."

Acomodados e incomodados

"As pessoas simplesmente se acomodam com as coisas. Como o emprego. Acontece. No entanto, são as pessoas excepcionais que fazem o mundo girar. Elas mais ou menos fazem milagres pra gente, enquanto a gente fica sentado sobre o próprio rabo."

O glamour de sua profissão...

"Esse é o problema de ser escritor, o problema principal - ócio, ócio demais. A gente tem de esperar que a coisa cresça até poder escrever, e enquanto espera fica doido, e enquanto fica doido bebe, e quanto mais bêbado mais doido fica. Não há nada de glorioso na vida de um escritor nem na vida de um bebedor."

Bukowski, "um patriota"

"Sabe estou cagando se o país está na merda ou não, contanto que eu me vire."

Sociabilidade

"De alguma forma, nunca consegui me ajustar na sociedade. Não gosto da humanidade. Não tenho o menor desejo de me ajustar, nenhum senso de lealdade, nenhum objetivo de fato."

Saco cheio

"Só pessoas que enchem o saco ficam de saco cheio. Têm de viver se cutucando continuamente pra se sentir vivas."

Pai Herói

"O enterro de meu pai. Atravessamos a rua e entramos na casa mortuária. Alguém dizia que meu pai tinha sido um bom homem. Me deu vontade de contar a eles o outro lado. Que ele era um homem ignorante. Cruel. Patriótico. Com fome de dinheiro. Mentiroso. Covarde. Um impostor. Minha mãe só estava há um mês debaixo do chão e ele já estava chupando os peitos e dividindo o papel higiênico com outra mulher. Depois alguém cantou. Nós desfilamos diante do caixão. Talvez eu cuspa nele, pensei."

Bukowski, "o tradutor de poesia"
"Condicionado sob o montículo da coragem o iminente retângulo mesquinho falsificado não é mais que um gene em Gênova um quádruplo Quetzalcoatl e a chinesa chora agridoce e bárbara dentro de seu regalo!"
- É lindo, vocês não acham? - Mas do que é que ele está falando ? Respondo, está falando em chupar xoxota. Sinceramente, eu espero que ele chupe xoxota melhor do que escreve...

"Dor nossa, minha dor, esta dor de vagabundo estrelas e listras de dor, cataratas de dor ondas de dor, dor com desconto por toda parte"...
- Ele parou de falar em chupar xoxota. Agora diz que não se sente bem. "...

"Uma dúzia de frade, um primo de primo toma estreptomicina e, propício, engole meu gonfalon, Eu sonho o plasma de carnaval do outro lado do couro frenético..."
- Agora ele está se preparando para chupar xoxota de novo.

"Sufoca, Columbia, e os cavalos mortos de minha alma saúdem-me nos portões saúdem-me dormindo, Historiadores vejam esse terníssimo Passado saltado com sonhos de gueixas, mortos treinados com importunismo!"
- Na verdade ele não está dizendo muita coisa. Basicamente, o que está dizendo é que não consegue dormir á noite. Precisa arranjar emprego.

"... O lemming e a estrela cadente são irmãos, a disputa do lago é o El Dorado de meu coração. Venha tomar minha cabeça, venha tomar meus olhos, me surre com uma espora..."
- Agora está dizendo que precisa de uma mulher grande e gorda pra bater nele.


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