terça-feira, 27 de novembro de 2007

Le temps detruit tout.


Irreversível não é o tipo de filme que se encontra nas prateleiras das locadoras. Ele me foi indicado há algum tempo por um amigo e então resolvi baixá-lo no computador para assistir. Fiquei impressionada com as diversas reações que tive do início ao fim. Durante toda a trama, uma mistura de raiva, ansiedade, empolgação e angústia me deixaram estática em frente à tela, sem piscar em momento algum. Confesso que em alguns momentos pensei em não continuar assistindo, mas foi impossível desgrudar os olhos das cenas que escapam da estética tradicional do cinema hollywoodiano.
Esta obra prima do diretor argentino Gaspar Noé, foi produzida no ano de 2002 e acontece na França, para ser mais exata, num submundo desconhecido por quem procura aquela França da cultura erudita, dos perfumes e da moda. Este submundo chama-se Rectum, e é lá que acontece o desencadeamento dos fatos. Porém, este desencadeamento se trata das primeiras cenas que são o final da obra. Ou seja, a estrutura cinematográfica do filme é cronológicamente invertida.
Trata-se de um homem que procura vingar-se do estuprador de sua mulher, que fora violentada enquanto saía de uma festa desacompanhada. O filme se passa inteiramente em apenas uma noite. Uma noite em que o personagem de Vincent Cassel procura pistas para encontrar respostas sobre o crime.
Irreversível gerou polêmica no Festival de Cannes em 2002 devido às cenas de sexo explícito e ultraviolência. E o fato só aumentou a fama do cineasta. Gaspard Noé já é considerado um dos mais geniais cineastas da atualidade devido à suas obras "subversivas", como 'Seul Contre Tous', 'Carne' e 'Sudomitas'.

domingo, 25 de novembro de 2007

Sessão alternativa

Na mesma década em que acontece o fim da idade industrial, o início da idade da informação e a legalização da maconha nos Países Baixos, surge um novo segmento da música eletrônica: o Trip Hop. Também conhecido como "música de Bristol", relativo à cidade da Inglaterra onde o gênero surgiu, o Trip Hop é uma espécie de música eletrônica lenta, marcada por batidas desaceleradas e uma mistura de instrumentos acústicos. Bastante influenciado por rítmos como jazz, dub e rock progressivo, as características variam de cada artista, abrindo um leque de opções para quem procura música alternativa de qualidade.
Uma das bandas mais conhecidas deste cenário é o Portishead,
que surgiu no ano de 1991 em Bristol, na Inglaterra e é formada por Geoff Barrow, Beth Gibbons e outros integrantes que tocavam em uma banda de jazz. Antes, a banda era considerada como lo-fi, e depois de certo tempo ocorreram modificações para que se encaixasse no estilo Trip Hop. O nome Portishead, surgiu a partir de uma idéia de Geoff, que nasceu numa cidade que possui o mesmo nome da banda.
O gênero também conta com nomes consagrados, como Björk (que se apresentou recentemente no Tim Festival), Gorillaz, Massive Attack e Goldfrapp.
Quem não se lembra do filme Beleza Roubada, de Bertolucci, onde a lindinha Liv Tyler interpreta uma jovem de 19 anos que viaja para a Itália após a morte da mãe e resolve ter um retrato seu esculpido. Pois é, Glory Box, uma das melhores canções do Portishead faz parte da trilha sonora.
A banda lançou três álbuns. Em 94, o Dummy; em 97, o Portishead; em 98, o Roseland NYC. E já está previsto mais um para 2008, provisóriamente intitulado de "3".

Pra fechar este post, um vídeo da música Over (uma das minhas favoritas), em uma apresentação da banda com a Orquestra Filarmônica de Nova Iorque (chique, hein?).


Site oficial da banda: http://www.portishead.co.uk
Site oficial Beth Gibbons: http://www.bethgibbons.com

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Citações

"Veja, tenha visão, isto é, faça um exame do capricho da informática nessa época de globalização, já que contigo mostraremos as verdadeiras caras. Maldita imprensa! Eu quero é um prensado já que estou cansado de quem não pensa." — Luciana Cristina Fieri
"O máximo que uma faculdade de jornalismo pode conseguir - mesmo supondo que ela injete em seus alunos um civilizado código de ética - é gerar jovens repórteres que fugirão do jornalismo tapando o nariz, assim que se familiarizarem com o que se passa dentro de uma típica redação de jornal." — H. L. Mencken

"A liberdade número um para a imprensa consiste em não ser ela uma indústria." — Karl Marx

As redações são laboratórios assépticos para navegantes solidários, onde parece mais fácil comunicar-se com os fenômenos siderais do que com o coração dos leitores. A desumanização é galopante — Gabriel García Márquez

— Ei, nada de jornalistas por aqui!
Pega o homem pelo braço e diz:
— Não se esqueça que jornalista se escreve com "jota" de justiceiro.
Do filme Alphaville, de Jean-Luc Godard

sábado, 20 de outubro de 2007

ENTREVISTA COM Mª CONCEIÇÃO PEREIRA

Itajaí, outubro 2007.
Coordenadoria de Promoção da Igualdade Racial e Gênero de Itajaí

Brasil, o país do carnaval, do samba, da bossa nova; país da diversidade. Índios, pardos, negros, amarelos e brancos dividem o mesmo espaço territorial. Mas a desigualdade é evidente e grita aos ouvidos de quem é assombrado pelo fantasma mais ultrapassado dos tempos modernos: o preconceito.
Santa Catarina é um dos estados da região sul que mais recebeu imigrantes europeus após a Independência. Contudo, o estado ainda é a região do país onde se concentra a maior parte da população de descendência européia.
Em Itajaí, os primeiros a colonizarem a cidade foram os portugueses vindo da Madeira e dos Açores, logo após, vieram os imigrantes alemães. Essa mistura de culturas é a principal característica da cidade.
Neste espaço ocupado por cerca de 5.866.568 habitantes, sendo a maioria branca, com 88,1%, e negros com 2,7% da composição da população catarinense, como fica a questão da diversidade? O negro adquiriu seu espaço ao lado da maioria descendente de europeus?
A entrevista com uma das líderes negras foi um meio que encontramos para entender a realidade da raça negra na sociedade itajaiense. Dividindo uma sala na prefeitura com outras três pessoas, Maria Conceição Pereira era uma das poucas negras ocupando um cargo de chefia dentre vários funcionários. A professora de educação física formada pela Universidade do Estado de Santa Catarina atualmente responde pela Coordenadoria da Promoção da Igualdade Racial e Gênero de Itajaí. O novo órgão foi criado no mandato do prefeito Volnei Morastoni e visa defender os interesses das classes marginalizadas da sociedade. Maria Conceição nos explica as dificuldades encontradas pelos negros em uma cidade que tem como fonte cultural apenas a açoriana.

Quando e por que razão foi criada a Coordenadoria da Promoção da Igualdade Racial e Gênero de Itajaí?
A Coordenadoria foi criada em outubro de 2004 e instalada em maio de 2005. O prefeito Volnei Morastoni sempre discutiu com os movimentos negros as causas raciais e quando foi presidente da Assembléia criou o programa Antonieta de Barros. Cumprindo os compromissos feito em campanha e visando a melhoria de vida das populações afros-descendentes de Itajaí o prefeito Morastoni instalou a Coordenadoria Municipal.

Qual o intuito da instalação da Coordenadoria no município?
Promover a igualdade racial já que as questões raciais tinham pouca visibilidade. A Coordenadoria olha junto com as secretarias como as questões raciais estão sendo tratadas no município. É uma assessoria do prefeito para a questão racial.

A Coordenadoria é um órgão fixo ou com a troca de prefeitos/partidos ela poderá fechar?
Por se tratar de uma Lei Municipal ela pode vir a ser desfeita. Mas a Coordenadoria criou o Conselho de Desenvolvimento da Comunidade Negra órgão este permanente.

Quais foram os feitos alcançados pela Coordenadoria?
A criação do Conselho de Desenvolvimento da Comunidade Negra, a realização da 1ª Conferência de Promoção da Igualdade Racial que aconteceu em maio de 2005. Produção de material para as escolas, pesquisas e projetos. Hoje temos uma grande diversidade cultural implantada na Escola Aberta onde são praticados os esportes afro-brasileiros como a capoeira. Foi feito o 3º Fórum da Diversidade na Educação e há estudos para implantar uma política de saúde. Estamos planejando agora a 3ª semana da Consciência Negra no município.

No Censo 2000 foi detectado que a população autodeclarada preta está concentrada nas regiões do Sudeste e Norte do país. Já a população preta de SC representa 2,12% do restante nacional. O que esses padrões históricos de povoamento e ocupação étno-demográfico interferem na situação do negro itajaiense?
A parcela dos habitantes negros em Itajaí não é tão pequena, chegando a quase 13% da população (24 a 25 mil habitantes). Como a nossa cidade fica no meio de um vale colonizado por europeus essa população negra é praticamente invisível. Ela existe, mas se torna invisível. Quem olha de fora de Santa Catarina imagina que aqui não existam negros. E a população negra do Estado também não é tão baixa assim, comparando com outras regiões brasileiras é claro que Santa Catarina vai ter um baixo índice, mas dentro do Estado há um grande número de habitantes negros.

Como a cultura negra é retratada em uma cidade em que a maior representação de cultura é a açoriana?
Há uma grande dificuldade, grandes lutas. Pela primeira vez em toda a história de Itajaí temos um governo que admite existir o racismo e que é necessária uma luta pela igualdade. Os passos são lentos, mas pelo menos há uma caminhada. Itajaí vive um momento especial por ter a Coordenadoria que olha pelas questões raciais. Todas as escolas municipais trabalham bem a semana da Consciência Negra e já incluíram em seu currículo questões raciais. Acontece em algumas escolas a Kizomba, a nossa festa, mostrando para as crianças a cultura afro-brasileira.

Como a população entra em contato com a Coordenadoria e como é possível acompanhar o trabalho do órgão?
É muito importante isso, que a população veja o que está sendo feito. As pessoas podem vir até a Prefeitura, 2º andar ou telefonar direto para a Coordenadoria 3341-6148. Há também as reuniões do Conselho, sempre nas segundas terças-feiras de cada mês às 19 horas na sala de reunião da Secretaria de Comunicação. A Secretaria também fica no 2º andar no prédio da Prefeitura.

Quais são os planos para o futuro?
Estamos planejando um Fórum da Região Sul englobando os três estados para discutir as políticas de promoção da igualdade racial que estão sendo trabalhadas na nossa região. Além disso, queremos implantar a política da saúde e realizar a 3ª Semana da Consciência Negra de Itajaí.

Por Tamara Belizário e Sarah de Souza

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

1, 2, 3, testando!

Nem todos sabem que os testes e experimentos realizados em animais são tão cruéis. A maioria desconhece o sofrimento ao qual estes são submetidos.
A questão é: estes testes ajudam na evolução da ciência? Não.
Além de serem um atraso nas pesquisas científicas, são também um grande desperdício de dinheiro público.
“De acordo com o Dr. Albert Sabin, pesquisas em animais prejudicaram o desenvolvimento da vacina contra o pólio. A primeira vacina contra pólio e contra raiva funcionou bem em animais, mas matou as pessoas que receberam a aplicação. Albert Sabin reconhece que o fato de haver realizado pesquisas em macacos Rhesus atrasou em mais de 10 anos a descoberta da vacina para a pólio.”

Os testes mais comuns
Teste de Irritação dos Olhos: É utilizado para medir a ação nociva dos ingredientes químicos encontrados em produtos de limpeza e em cosméticos. Os produtos são aplicados diretamente nos olhos dos animais conscientes.

Teste Draize de Irritação Dermal: Consiste em imobilizar o animal enquanto substâncias são aplicadas em peles raspadas e feridas (fita adesiva é pressionada firmemente na pele do animal e arrancada violentamente; repete-se esse processo até que surjam camadas de carne viva). Substâncias aplicadas à pele tosada do animal.

Teste LD 50: Abreviatura do termo inglês Lethal Dose 50 Perercent (dose letal 50%). Criado em 1920, o teste serve para medir a toxicidade de certos ingredientes. Cada teste LD 50 é conduzido por alguns dias e utiliza 200 ou mais animais. A prova consiste em forçar um animal a ingerir uma determinada quantidade de substância, através de sonda gástrica. Isso muitas vezes produz a morte por perfuração. Os efeitos observados incluem dores angustiantes, convulsões, diarréia, dispnéia, emagrecimento, postura anormal, epistaxe, supuração, sangramento nos olhos e boca, lesões pulmonares, renais e hepáticas, coma e morte.

Testes de Toxidade Alcoólica e Tabaco: Animais são obrigados a inalar fumaça e se embriagar, para que depois serem dissecados, a fim de estudar os efeitos de suas substâncias no organismo. Mesmo sabendo que tais efeitos já são mais do que conhecidos.


Experimentos de Comportamento e Aprendizado: A finalidade é o estudo do comportamento de animais submetidos a todo tipo de privação (materna, social, alimentar, de água, de sono etc.), inflição de dor para observações do medo, choques elétricos para aprendizagem e indução a estados psicológicos estressantes. Muitos desses estudos são realizados através da abertura do cérebro em diversas regiões e da implantação de eletrodos no mesmo, visando ao estímulo de diferentes áreas para estudo fisiológico. Alguns exemplos: Animais têm parte do cérebro retirada e são colocados em labirintos para que achem a saída; animais com eletrodos implantados no cérebro são ensinados a conseguir comida apertando um botão, caso apertem um botão errado recebem um choque elétrico; animais operados e com estado meramente vegetativo são deixados durante dias inteiros em equilíbrio, sobre plataformas cercadas de água, para evitar que durmam. Filhotes recém nascidos são separados de suas mães etc..


Teste de Colisão: Os animais são lançados contra paredes de concreto. Babuínos, fêmeas grávidas e outros animais são arrebentados e mortos nesta prática.

Pesquisas Dentárias: Os animais são forçados a manter uma dieta nociva com açúcares durante três semanas ou têm bactérias introduzidas em suas bocas para estimular a decomposição dos dentes. Depois disso, são submetidos aos testes odontológicos. Muitas vezes, os animais têm suas gengivas descoladas e a arcada dentária removida. Os animais mais usados são macacos, cães e camundongos.

Dissecação: Animais são dissecados vivos nas universidades e outros centros de estudo.

Cirurgias Experimentais e Práticas Médico-Cirúrgicas: Cães, gatos, macacos e porcos são usados como modelos experimentais para o desenvolvimento de novas técnicas-cirúrgicas ou aperfeiçoamento das já existentes. Cirurgias toráxicas, abdominais, ortopédicas, neurológicas, transplantes são constantemente realizadas. Não é raro ver animais mutilados, tendo seus membros quebrados, costurados, decapitado sem nenhum uso de anestesia!




Os testes são realizados sem anestésicos, expondo o animal à situações de extremo sofrimento e dor.



Como contribuir para o fim dos testes em animais?
Deixar de usar os produtos que utilizam animais como cobaias para pesquisas e conscientizar as pessoas a não usarem também.



Empresas que testam:

Nacionais:

Aloés (absorventes e fraldas)

Marcas: Baby Looney Tunes, Confiance, Dignity, Les Enfants, Seja Livre, Turminha Feliz

R:"Todo produto de higiene pessoal, seja ele cosmético ou não, deve ser submetido a testes com animais para identificação de possíveis irritações dérmicas. Esta prática é determinada por lei, seguindo a portaria 1480.Se o fabricante não apresentar estes testes conclusivos efetuados por laboratório credenciado pelo GOVERNO (MS-SVS-RJ) de cada Estado, ele não receberá a licença para comercializa-lo no mercado nacional.Portanto, é uma prática exigida pela lei brasileira. Mas, ressalvo que este teste deve ser feito apenas uma vez, desde que a composição do produto não seja alterada."(03/07/06)

Assolan (produtos de limpeza)

Marcas: Assolan, Assin

R:"Entendemos perfeitamente sua preocupação com relação à utilização de animais na avaliação de alguns produtos, por outro lado, temos que atender a legislação vigente no país que exige a realização de testes certificados pelo órgão regulamentador ANVISA, responsável pela liberação dos produtos para o mercado."(10/07/06)

Baruel (cosméticos para crianças e produtos de limpeza)

Marcas: Baruel, Bluar, Baruel Kids, Baruel Baby, Polvilh, Sanix, Snoopy, Tennis Pé, Xuxinha

R:"Os testes realizados em nossos produtos obedecem às exigências previstas em Lei. Ressaltamos que os testes em animais, não são regras em nossa empresa, e sim exceções."(29/06/06)

Bombril (produtos de limpeza)

Marcas: Atak, Bombril, Kalipto, Limpol, Mágica, Mon Bijou, No ar, Pinho Bril, Pratice, Radium

R:"A Bombril faz testes com animais para o Registro dos Desinfetantes para cumprir Portaria do Ministério da Saúde."(29/06/06)