segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

O cinema está na pré-história ou Peter Greenaway é moderninho demais?

Estava lendo uma entrevista com o Peter Greenaway feita por Philippe Barcinski para a revista Bravo no ano passado, na qual o cineasta fala coisas muito interessantes sobre o cinema. De acordo com ele, o cinema nunca foi cinema e sim, textos ilustrados. Greenaway diz que é besteira transformar literatura em filmes, que é perda de tempo, já que o cinema não é sobre textos, mas sobre imagens. O cineasta também aponta o cinema como um “entretenimento emburrecedor”, o qual segue sempre os mesmos padrões e gêneros. Concordo até certo ponto. Não entendo de técnica, mas tenho senso visual e sei reconhecer uma boa obra e boas imagens dentro de uma boa obra. No entanto reconheço a falta de qualidade visual nas produções cinematográficas. Ainda de acordo com o Greenway, a maioria dos cineastas, até mesmo os donos dos maiores clássicos, são muito mais contadores de histórias do que cineastas. Mas é burrice concordar que um filme dispense uma boa história. Acredito que um bom filme seja uma junção de boas imagens + bom roteiro. Se dependesse apenas de imagens, então teríamos empacado na era do cinema mudo.
Greenaway tem idéias interessantes, porém muito estúpidas. Ele diz que o cinema é antiquado, pelo fato de não haver interação. “Você senta num lugar escuro, mas o homem não é um animal noturno. Você olha em uma só direção, mas o mundo todo está a sua volta. Se você assiste a um longa numa sala de projeção, fica parado por duas horas, algo que não fazemos nem dormindo.” Nunca li besteira tão grande sobre o cinema. Como seria interagir com o cinema? Realidade virtual? Greenaway, você é um cara que está além do seu tempo. Parabéns! A tecnologia pode até revolucionar o cinema, mas e a democracia, como fica nessa história? O “verdadeiro cinema” que a tecnologia vai criar, segundo Greenaway, vai ser uma tragédia. O cinema vai se tornar algo descartável, sem significado e direcionado apenas aos grandes estúdios. Se bem que muita gente não vê o cinema como eu vejo. As pessoas não param para ver um filme como param para ver uma desgraça ser noticiada na televisão. Elas querem cada vez mais filmes tolos.
São tantas besteiras que eu vou me poupar neste último parágrafo, dizendo apenas que eu fico triste quando penso que num futuro próximo, as imagens serão substituídas pelas palavras. Talvez esse seja o início da involução humana. Pensando bem, já começamos nosso processo de involução com todo esse lance de estética e beleza. No futuro, o mundo vai ser dos bonitos e Deus ajude a quem nascer feio. Aí o cinema vai ser tipo um meio de propaganda interativa, com imagens, muitas imagens – a cores, de preferência, porque preto e branco é antiquado demais para o novo modelo de cinema que Peter Greenaway sonha ver no futuro. Não dá pra entender como pode um cineasta com um nível cultural de Peter Greenaway ter essa visão sobre o cinema. Definitivamente não entendo.

Um comentário:

Porke disse...

Confesso que tem muita porcaria rolando no cinema, mas isso passa longe de ser regra.

E po! que diabos de interação ele quer?

Eu vejo cada uma, como diria um amigo, "vou te contar..."

PS: Hülk era demais! e Barellas tb fez parte da minha infância, agora to na estrada com os piás, hehehe ouça o cd novo, ficou da hora ;D

PS 2: Já esta indo pra lista de blogs tb! and, thanks!

PS 3: Já que o tema é cinema, o topo do blog tem qualquer relação com cães de aluguel? me lembrou instantaneamente a primeira vez q eu vi!

Beijos!