quarta-feira, 11 de junho de 2008

De olhos bem fechados


Para começo de conversa, Eyes Wide Shut (De Olhos Bem Fechados, Stanley Kubrick, 1998) é um dos filmes mais geniais que eu já vi. Ele foi o último filme dirigido pelo mestre Kubrick, que morreu pouco depois das filmagens. O ex-casal Tom Cruise e Nicole Kidman tiraram a sorte grande ao fazer parte desta produção baseada no conto Traumnovelle, de Arthur Shnitzler. O filme possui uma série de variações em relação ao livro de Schnitzler, constituindo escolhas feitas na adaptação Kubrick. 

Assim como na maioria dos filmes kubrickianos, em De Olhos Bem Fechados, há uma crítica às aparências convencionais do chamado american way of life (modo de vida americano). A história começa na preparação de Bill (Cruise) e Alice (Kidman) para uma festa de amigos da alta sociedade novaiorquina. Na festa, a estrutura familiar sólida do casal começa a desmoronar quando Bill conhece duas modelos e Alice flerta com um convidado extremamente sedutor. Bill, porém, é interrompido por seu paciente Victor Ziegler, o anfitrião da festa, para atender a uma emergência que é, na verdade, uma prostituta tendo uma overdose. A partir daí, Kubrick inicia suas críticas implacáveis à hipocrisia da sociedade: homens casados traem suas mulheres em festas religiosas de fim de ano, revelando um universo cínico repleto de vulgaridade. 

Ainda é possível observar nesta obra que há uma constante variação entre sonho e realidade. Pode-se dizer que Bill, como um dos personagens mais bem interpretados por Tom Cruise em toda sua carreira, deixou nítida a referência freudiana, no momento em que sonho e realidade se cruzam numa atmosfera completamente sexual. Alice, por sua  vez, possui características muito parecidas com as de Bill: o comportamento conservador hipócrita. No entanto, a partir do momento em que ela revela que desejou sexualmente outro homem (podendo não ser uma ocasião isolada), Bill se sente desolado. É como se o universo familiar que lhe era tão seguro e confortável houvesse desmoronado. Então ele decide sair, sem rumo, em busca de distração. Sem ser proposital, ele encontra um bar onde um antigo amigo de faculdade que havia largado a medicina para se dedicar ao piano, estava tocando. Tal amigo, Nick Nightgale, ele havia reencontrado na festa de Victor Ziegler. Ao final da apresentação, o pianista se senta com William, e o conta sobre uma festa muito intrigante, na qual ele era pago para tocar, só que obrigado a ficar de olhos vendados. 

O filme possui quase três horas de viagens oníricas, desejos sexuais, traição e mistérios. Com certeza é uma ótima opção pra quem gosta de filmes intensos. 

Premiações:
  • Indicação ao Globo de Ouro, de Melhor Trilha Sonora.
  • Indicação ao César, como Melhor Filme Estrangeiro.
  • Indicação ao Grande Prêmio Cinema Brasil, como Melhor Filme Estrangeiro.
Veja o trailer:

4 comentários:

Anelise disse...

Olá!
muito legal seu blog.
Parabéns e feliz dia dos namorados.
(se não tiver um desconsidere a frase ou a guarde para o ano que vem)
BjoKass

Fernando Gomes disse...

Estou imaginando aqui em qual Bravo você leu aquilo.. UHAIUHAiuAHIUHA

:x

Eu tô pra ver esse filme faz tempo.
Um dia eu vejo.

Mas deve ser uma obra-prima. É Kubrick, tudo que ele faz é perfeito.

Se eu não tivesse tanta coisa pra ver, ia incorporar meu lado solteiro hedonista e baxar o filme.. mas vai ter que ficar pra próxima.

beeeijo

http://www.andisaidgoddamn.blogspot.com/

Gallahad Schneider disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Gallahad Schneider disse...

Eu tenho o livro, mas ate hoje não li inteiro x) O meu é aquela versão que saiu coleção da folha de São Paulo. Muito loco o filme já vi umas trezentas vezes. Era viciado na trilha sonora . Kubrick era foda mesmo. E uns dos melhores. Engraçado que eu também me amaro em Pulp Fiction e Clube da Luta *-* Mano eu queria ter escrito aquele livro. Eu ate procuraria a lista, mas listas sempre me revoltam ;)

Adorei a analise do filme também viu ;) Adoro gente que escreve muito. Realmente uma boa dica pra um dia como esse.