
“Jogo de Cena” não
apenas traz atrizes de alto nível, mas desafios completamente diferentes para
todas elas e também para o espectador que tenta decifrar o que é relato e o que
é interpretação. Ao mesclar participações de ícones consagrados com atrizes
desconhecidas, acostumadas com papéis de pouco destaque, Coutinho acaba por
fazer esta obra ainda mais intrigante. Mas reconhecer quem está contando sua
própria história e quem está interpretando não é a proposta central deste
documentário.
A emoção está
presente em cada personagem e o drama é o vínculo entre cada uma das mulheres,
sejam elas atrizes ou não. Alguns fatos em comum são o nascimento ou a perda de
um filho, o conflito entre familiares e a relação com a religião. São relatos
banais que se destacam por suas singularidades e pelos recursos usados nas
representações.
É normal sentir-se
enganado no decorrer da obra. “Jogo de Cena” tem justamente o objetivo de trair
seu público, de emocioná-lo com a mesma história mais de uma vez. E não é
necessário haver lágrimas para causar comoção ou acrescentar dramaticidade ao
relato. Marília Pera diz que “esconder a lágrima durante o choro dá mais
sinceridade ao sentimento”.

“Jogo de Cena” foi
o penúltimo filme lançado com autoria de Eduardo Coutinho. Seu último
documentário, de 2009, é “Moscou”, uma espécie de continuação para “Jogo de
Cena”. No Internet Movie Database (IMDB), “Jogo de Cena” recebeu nota 8.8 numa
escala de dez e comentários elogiosos dos usuários. O sucesso deste
documentário reafirma o talento de Coutinho, que conseguiu transmitir emoção e
realismo através da linha tênue que separa o relato da interpretação.