segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Bob Dylan mostra novo álbum na rede

O próximo disco de Bob Dylan poderá ser ouvido na íntegra a partir das 21h de hoje, 29. O cantor vai disponibilizar Tell Tale Signs para audição site da National Public Radio.Tell Tale Signs é o oitavo volume da Bootleg Series, com discos de raridades e faixas não lançadas anteriormente. Tell Tale... tem músicas gravadas entre os discos Oh Mercy (1989) e Modern Times (2006).O álbum será lançado no dia 7 de outubro, em três versões: CD duplo com 27 músicas, edição com quatro discos em vinil e CD com 12 faixas extra. Todas já estão em caráter de pré-venda no site oficial do cantor.




sábado, 27 de setembro de 2008

O analfabeto político

Bertold Brecht

O pior analfabeto
É o analfabeto político.
Ele não ouve, não fala,
Nem participa dos acontecimentos políticos.
Ele não sabe que o custo da vida,
O preço do feijão, do peixe, da farinha,
Do aluguel, do sapato e do remédio
Dependem das decisões políticas.
O analfabeto político
É tão burro que se orgulha
E estufa o peito dizendo
Que odeia a política.
Não sabe o imbecil queda sua ignorância política
Nascem a prostituta, o menor abandonado,
E o pior de todos os bandidos,
Que é o político vigarista,
Pilantra, corrupto e lacaio
Das empresas nacionais e multinacionais.

Boa, Brecht!

As eleições aproximam-se na velocidade da luz e eu não estou com a mínima vontade de votar. Sou uma analfabeta política segundo brecht? Não, sou uma preguiçosa. Vou lá e voto nulo - dois palitos. Depois volto pra casa e dou continuidade ao ócio.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

LHC: A odisséia dos prótons

No ano passado eu li na Rolling Stone BR uma matéria sobre o Grande Colisor de Hadrons (LHC). A metade da matéria eu não entendi, mas achei interessante, até porque eu sempre me interessei por ciência. Quando eu tinha 16 anos, comecei a ler os livros do Stephen Hawking e não entedia absolutamente nenhum cálculo matemático, embora fosse o começo de um interesse pelos mistérios do universo que permanece até hoje. De acordo com a matéria da RS, os estudos com o LHC começaram há cerca de 20 anos. Desde então, bilhões de dólares foram investidos e cientistas de todo o mundo foram enviados à Suiça para participar da experiência.
Mas afinal o que é o LHC? Localizado entre a França e Suíça, a profundidades que variam de 50 a 150m, o LHC possui 27km de circunferência e é um acelerador de partículas. Não é difícil entender como funciona. Através de enormes campos elétricos, as partículas subatômicas, confinadas em campos magnéticos intensos, são lançadas em direções opostas numa velocidade nunca antes reproduzida pelo homem, bem próxima da velocidade da luz, até que elas colidam umas com as outras. Assim, essas partículas se quebram em partes menores, mostrando outras partículas subatômicas até então desconhecidas. Através dessa experiência, que dura menos de um biolionésimo de segundo, os cientistas poderão descobrir, além de outras partículas, um outro mistério: por que a matéria tem massa? Mas a maior descoberta de todas, será o começo dos tempos. O LHC pode reproduzir as condições que existiam no universo no exato momento em que o Big Bang aconteceu e achar as respostas para a origem de tudo. É realmente um experimento ambicioso que só poderia ser realizado por um bando de loco gênios. Parece simples falando assim, mas na verdade é complexo demais para mentes pequenas como a minha e a sua. Muita gente desconhece o fato, mas tem gente que está com o cu na mão, simplesmente porque o LHC não só pode desvendar os mistérios da vida, como também pode destruí-la. Pergunte a um professor de física o que acontece quando se pega uma porção de prótons e brinca de bate-bate com eles. O que temos aí, senhoras e senhores, é a maior máquina de destruição em massa do planeta. De uma hora pra outra, você, sua família, seu cachorro, a torcida do Flamengo e todo o resto do planeta podem ser engolidos por um buraco negro. "Mas professoooor, o que é um buraco negro?" Joga no Google!

O início dos testes

A primeira tentativa começou ontem, às 8h30 de Lisboa (7h30 TMG), no Laboratório Europeu de Física de Partículas (CERN). Minutos depois efetuou-se uma segunda tentativa, informaram responsáveis do CERN. O objectivo é conseguir que as partículas dêem uma volta completa ao enorme túnel de 27 quilômetros que constitui o LHC, antes de realizar experiências com colisões de protons, para tentar identificar novas partículas elementares.
A evolução dos acontecimentos hoje é, no entanto, desconhecida, reconheceu numa conferência de imprensa Lyn Evans, director do projecto do LHC. "Não sabemos de quanto tempo vamos precisar para conseguir que circulem os protons de forma estável", disse. "Iremos confirmando que cada um dos elementos da máquina funciona, um por um", acrescentou.
Depois desta primeira tentativa saber-se-á se o maior acelerador de partículas do mundo funciona, mas os primeiros choques de protons apenas se produzirão daqui a alguns meses, altura em que se iniciará a obtenção de dados.

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Quem não gosta de samba, bom sujeito não é!

É preciso acordar pra realidade. Ela é chata, mas é nossa. Pra quê negar nossa própria realidade?
O Brasil não é uma meeeerda. O Brasil apenas está nas mãos erradas. Isso politicamente falando. E não vou fazer politicagem neste blog, porque o meu negócio é arte. Culturalmente, nosso país é maravilhoso! Pensa no samba. Agora pensa em tudo o que foi criado a partir do samba. Tantos gêneros genuínos e autênticos! Autenticidade é coisa difícil de se fazer nesse país hoje em dia. Sabe por quê? Porque tá todo mundo ocupado com o que vem de fora. Isso não tem nada a ver com patriotismo. Aliás, eu odeio patriotismo. Mas é fato que no Brasil, as pessoas não se informam - acham que pagode e samba são a mesma coisa, que Chico Buarque é bossanovista e que Gilberto Gil não fuma maconha.
E o pior de tudo, é que tem gente que pode se informar, que tem meios pra isso, mas parece que tem preguiça. Depois inventa de sair falando o que não sabe.
Nós não vivemos numa democracia? Então, aqui você pode ouvir o que você bem entender. Se você não gosta de samba e só gosta de rrrrock, problema é seu, o gosto é seu. Mas dizer que rrrrock é melhor que samba ou melhor que bossa nova é ignorância. Chuck Berry e Dorival Caymmi foram dois músicos diferentes, cada um na sua época, cada um no seu estilo. Rock é uma maravilha dos deuses. Não sei o que seria da minha vida sem os Beatles, os Stones e principalmente sem o Dylan. Mas eu sou brasileira, porra! Nasci ouvindo MPB, cresci ouvindo MPB e acho a MPB excelente. É uma questão de hábito, às vezes é uma questão de química e às vezes é só uma questão de tempo pra você começar a perceber o que está perdendo deixando de ouvir as maravilhas da MPB, de interpretar as letras, de se imaginar nelas, de sentir as melodias e imaginar o quanto é bom gostar de algo que foi criado há tanto tempo e que continua se reinventando. Ah, outra coisa. Você não precisa ter posicionamento político pra gostar de certo gênero musical. Eu conheço gente que ouve Misfits e não é libertário. Minha mãe ouve bossa nova e não é de esquerda. Meu pai gosta da tropicália e não é hippie. E eu gosto de samba, mas não sei sambar.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Comissão de Educação promove audiência pública sobre Univali

O Tribunal de Contas de Santa Catarina foi sede, no dia quatro deste mês, de uma audiência pública para tratar das demissões em massa que estão acontecendo na Universidade do Vale do Itajaí (Univali). A audiência foi uma proposição do deputado Sargento Amauri Soares (PDT) e contou com a presença de representantes de organizações sociais, sindicatos, Poder Judiciário, membros do corpo docente e alunos da instituição.
Nos últimos meses, dezenas de docentes e funcionários foram dispensados pela reitoria da Univali. A estimativa é de que 600 trabalhadores serão demitidos até o final do semestre. No ano passado a universidade já havia dispensado 400 profissionais de seu quadro de servidores. Além das demissões, existe a possibilidade de fechamento de dois campi, de Piçarras e São José, e o cancelamento de bolsas de iniciação científica.
Criada em 1968, inicialmente como uma Autarquia Municipal de Educação e Cultura da cidade de Itajaí, em 1970 a instituição foi transformada em Fundação de Ensino do Pólo Geoeducacional do Vale do Itajaí (Fepevi). Posteriormente, em 1989, a fundação tornou-se a Universidade do Vale do Itajaí. Segundo o professor Geraldo Barbosa, presidente da Associação dos Docentes do Ensino Superior de Santa Catarina (Adessc), o patrimônio da universidade foi montado por doações e subsídios públicos e de início era praticamente gratuita, cobrando apenas taxas simbólicas. “No entanto, contrariando sua origem e condição de coisa pública, por força da Constituição e da Lei que a criou como Fundação Municipal, houve um processo tácito de privatização, reforçado por uma modificação estatutária ilegítima, senão ilegal, que cria uma ficção jurídica, declarando que esta fundação pública possui personalidade jurídica de direito privado.”
Crítica idêntica fez o desembargador Lédio Rosa de Andrade, que rotulou como um recorrente erro na história brasileira a apropriação de bens públicos pelo interesse privado. “As fundações educacionais são um exemplo extremo desse equívoco recorrente. As autarquias municipais ganham personalidade jurídica de direito privado à deriva do Poder Legislativo.”
O desembargador Lédio, que atua na região de Tubarão, em recente representação à Promotoria de Justiça em caso semelhante envolvendo a Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul), foi enfático ao afirmar: “Uma fundação Municipal deve se submeter à fiscalização dos órgãos públicos. A Unisul padece de uma patológica dupla personalidade, pois, quando se trata de buscar dinheiro, incentivo, isenções, ela se apresenta como pública. Mas, quando se trata de prestar contas à sociedade, de gastar e de empregar, ela se diz privada. Às vezes ela é do povo: para pegar dinheiro. Às vezes ela é privada: para gastá-lo”.

Prestação de contas
A prestação de contas foi um dos assuntos mais abordados durante a audiência. Citando como exemplo a Unisul, o desembargador ressaltou que a receita da instituição é três vezes maior que a do município, concedendo ao reitor um poder equivalente, senão maior, que o do prefeito. “O Tribunal de Contas estipulou que só fiscaliza quando a universidade possui receita proveniente do município superior a 50%, contrariando norma expressa da Constituição Federal. Com essa proteção a instituição fica em posição confortável, capaz de arregimentar lideranças e tornando difícil desfazer o enlace entre os interesses privados, políticos e pessoais”, argumentou
Presidente do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Supeior (Andes), Ciro Teixeira Correia destacou que o problema da influência de entidades privadas em fundações públicas é nacional e já resultou em escândalos em diversos estados da federação. O presidente disse que “Santa Catarina é uma situação inusitada e a Andes está impedida de atuar sindicalmente no estado por conta de liminar da Justiça”.
Proponente do encontro, o deputado Sargento Soares se disse estarrecido com a forma como aconteceram as demissões na Univali e também com os contratos de trabalho submetidos aos trabalhadores. “É difícil imaginar que o ensino superior seja tratado de forma tão absurda, com professores recebendo por hora/aula, o que permite corte sistemático nos salários. É uma forma vil de tratamento, baseada no desrespeito aos direitos estabelecidos.”
Outro ponto destacado foi a condução antidemocrática da instituição. O secretário geral da Adessc, Mauri Antônio da Silva, lembrou que o artigo 169 da Constituição Estadual define que as instituições universitárias do estado deverão ter eleição direta para os cargos de dirigentes e, em seus 40 anos, isso nunca aconteceu na Univali. Mauri ainda afirmou que o caráter autoritário e antidemocrático fica evidente com a não participação de membros da diretoria em qualquer debate sobre os problemas identificados na Univali.
Representando a Federação dos Trabalhadores em Estabelecimento de Ensino do Estado de Santa Catarina, Lúcio Darelli afirmou que as universidades privadas no Brasil só têm lucro inferior aos bancos e que a justificativa de crise no setor não cabe no caso da Univali. “O faturamento da Univali, em 2007, foi de 220 milhões de reais, mesmo assim existe um rombo de 25 milhões no caixa, uma evidente má versação de dinheiro. Para se ter um exemplo basta olhar para o caso do campus de Florianópolis, na SC-401, onde um prédio já existente teve salas de aulas adaptadas em seu último andar e custou, segundo fontes oficiais, quatro milhões de reais.”
Convidado a participar da audiência, o reitor da Univali, José Roberto Provesi, não compareceu, não mandou representante e não justificou a ausência.
Ao término das discussões foram definidos os seguintes encaminhamentos:
•moções de repúdio pelas demissões e pela imediata readmissão dos funcionários;
•busca de medidas junto à Assembléia Legislativa que contribuam para que o Tribunal de Contas imponha normas mais rígidas para a prestação de contas da universidade;
•exigir a intervenção do poder público municipal no sentido de assumir o controle imediato da fundação;
•promover a atuação conjunta das entidades e sua conseqüente mobilização;
•cumprimento da Constitição Estadual que prevê eleições diretas para reitor;
•propor ação coletiva de reintegração de todos os demitidos;
•encaminhar documento para a Organização Internacional do Trabalho (OIT) retratando as condições de trabalho na universidade; e
•instalar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do sistema Acafe.

Fonte: Assembléia Legislativa do Estado de Santa Catarina - ALESC